No jornalismo, há uma regra indispensável: a informação é baseada num facto verdadeiro, inédito, surpreendente ou atual. Claramente, este lado da balança pesa mais. Há, no entanto, espaço para um certo nível de intuição. Como seriam as investigações jornalísticas possíveis sem a capacidade de procurar, seguir e verificar factos e pistas? Dar ao leitor algo mais do que as simples aparências, as meras evidências e a interpretação imediata do que se vê e ouve está também na base do jornalismo. Observar, retratar, analisar e interpretar. 

Em certa medida, uma investigação jornalística é semelhante a uma investigação policial. Quem, como, quando, porquê, são as perguntas-chave. Mudam os métodos e os propósitos. Sobretudo se estivermos a falar de uma investigadora como Angelika Schnell, a inspetora mais intuitiva e peculiar, que está de volta para mais uma temporada em estreia no AXN. Aqui não há dúvidas: a intuição conta muito mais do que os factos. 

A enigmática e excêntrica personagem que motiva a história é a de uma inspetora-chefe caótica, responsável pelo Departamento de Homicídios, que tende a confiar mais no instinto pessoal do que nos factos puros e duros. Uma abordagem disruptiva que acaba por trazer resultados inesperados.

Não nos deixemos enganar

Há quem lhe chame sexto sentido, feeling, instinto. Intuição é, na real natureza da palavra, sinónimo de perceção de algo que não se pode verificar ou que ainda não aconteceu, de pressentimento, de inspiração, de visão ou de ideia súbita. Mas pode ser também o descritivo para uma intuição empírica, que tem por objeto factos de experiência externa – uma intuição sensível – ou interna – intuição psicológica. Podemos ainda assim falar da intuição racional, que tem por objeto relações, de semelhança, de causalidade... 

Acreditamos profundamente que esta intuição da investigadora pode ser tão crua e tão feroz no que diz e mostra quanto as provas, os factos e os argumentos do pensamento lógico. Uma mais-valia, portanto, já antes pregada por Carl Jung, o psiquiatra que via a intuição como uma forma de o interior revelar a sabedoria que sempre habitou em nós, mas até então inacessível, e por Immanuel Kant, que afirmou veemente que todo o conhecimento humano teve por base a intuição, que se transformou depois em conceito e, posteriormente, em ideia. Até Steve Jobs se mostrou um ávido defensor de seguir e aceitar o que a intuição nos diz. “A intuição é algo poderoso, mais poderoso do que o intelecto.”

E tu, em qual confias mais? Na intuição ou nos factos?