Quando pensamos em duplas icónicas na televisão, pensamos em Thelma & Louise, Woody & Buzz Lightyear, Elliot & E.T., Batman & Robin, em Will & Carlton, do clássico incontornável The Fresh Prince of Bel-Air... Enquanto surgem nos pensamentos mais uns quantos pares inesquecíveis, pedimos licença só para dizer: na televisão, como na vida, são precisos dois para dançar o tango. Quer seja comédia, romance, parceiros imbatíveis contra o crime, rivalidades inesquecíveis... Dois é o número mágico.

Na série Bulletproof, a estreia mais próxima do AXN com uma temporada especial, recolhemos mais provas para este nosso argumento. Desde o primeiro minuto, a imagem é clara: estes dois polícias são verdadeiros parceiros num bromance a fervilhar. Apesar das origens muito diferentes, das motivações pessoais distintas e da vida emocional que os envolve fora da esfera policial, estão sempre lá um para o outro. A conexão é única e há uma razão para tal: os protagonistas não são apenas os atores que dão a cara às personagens, são também os criadores da série e têm uma história para contar.

Não parecem polícias? Mas porque é que toda a gente diz o mesmo?

Noel Clarke e Ashley Walters cresceram com a televisão e o cinema norte-americano. Neste processo, rapidamente chegaram a uma conclusão: “Não havia nada [na televisão e no cinema britânico] que realmente se relacionasse connosco.” O objetivo foi traçado: criar algo descaradamente divertido, que não fosse um policial sério, como feito muitas vezes antes, algo que se sentisse mais internacional, mas sem perder a essência britânica, com dois protagonistas negros. 

“Algo que nunca vimos. Mesmo na América, só foi feito algumas vezes.” Bad Boys (1995) é um dos exemplos apontados e uma das referências declaradas pela dupla que serviu de inspiração à série, assim como Boyz n the Hood (1991), Kids(1995) e La Haine (1995). 

Não é algo comum ver duas personagens negras, muito menos dois polícias negros.” A história é “extremamente importante”, uma oportunidade para mostrar representatividade positiva e proclamar, em alto e bom som, que há espaço no ecrã para atores negros trabalharem em conjunto e em simultâneo, sem ser preciso migrar para o outro lado do Atlântico.

When it all goes wrong

Depois de duas temporadas envoltas em ação nas ruas movimentadas de Londres (ou de Liverpool, onde realmente foi filmada parte da série), a dupla decide tirar umas férias. Um pouco de sol, um pouco de mar, um pouco de serenidade. Volta e meia e são arrastados para um novo caso: o rapto de uma criança. O que era suposto ser umas férias merecidas torna-se numa nova aventura, dividida em três partes com direito a cerco e uma experiência prisional, no mínimo, insólita. Estamos no submundo da Cidade do Cabo, na África do Sul. Would you take a bullet? Would you bite the gun? I fall onto my knees and yes the war is already won. Este é o soundtrack inicial da série, de Chase & Status com Tom Grennan, e a entrada perfeita para a aventura que estamos prestes a viver – as mesmas duas personagens, um país diferente, formas diferentes de lidar com o crime.